quarta-feira, 31 de março de 2010

Teseu

Teseu (em grego: Θησεύς) foi, na mitologia grega, um grande herói ateniense. Corresponde, para a Ática, o que o dórico Héracles era para o Peloponeso. Seu nome significa "o homem forte por excelência".

O nascimento de Teseu

Egeu, rei de Atenas, descendente de Erictônio e filho de Pandíon e Pília, era casado com Etra, filha de Piteu, rei de Trezena. Egeu não tinha descendentes, embora o tentasse com Etra e várias outras mulheres. Tinha no entanto 50 sobrinhos, os palântidas (filhos de um irmão chamado Palas), que esperavam pacientemente sua morte para dividir a Ática entre si.

Egeu resolve consultar um oráculo, que o aconselhou: "Não desate a boca do odre antes de atingir o ponto mais alto da cidade de Atenas". Egeu, não conseguindo decifrar o oráculo, resolveu voltar para seu reino. No caminho para Atenas, fez uma parada em Trezena, onde reinava Piteu, filho de Pélops e Hipodâmia, conhecido como um grande sábio, dotado de poderes divinatórios. Egeu contou a profecia ao amigo, afirmando que nada entendera, mas Piteu de imediato compreendeu seu significado. Ele tinha uma bela filha, Etra e, depois de embebedar Egeu com vinho, fez a moça se unir a ele. Em outras versões da lenda, o deus Poseidon, apaixonado por Etra, também a possuíra, à força, nessa mesma noite, engravidando-a de Teseu.

Antes de conhecer o filho, Egeu teve de voltar a Atenas, pois a situação estava instável devido à ambição dos sobrinhos. Por esse motivo, inclusive, o rei pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, portando a espada de seu pai e calçando suas sandálias, pois os ambiciosos palântidas eram capazes de matá-lo.

Nasceu um menino, que cresceu vigoroso e forte como um herói. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.

A chegada de Teseu

Em sua viagem, chegou a Epiadouro, onde encontrou Perifetes, filho de Hefesto e de Anticléia. Perifetes, assim como seu pai, era coxo e usava sua muleta como clava para matar os peregrinos que estavam indo para epiadouro. Teseu Matou-o com a sua própria muleta/clava e guardou-a como lembrança de sua primeira vitória. Teseu passou por várias outras batalhas, entre elas, batalhou uma vez com Sínis, gigante filho de Poseidon, que amarrava seus inimigos em um pinheiro e os arremessava contra rochas, envergando o mesmo até o chão. Teseu fez o mesmo com sínis, e prosseguiu em sua viagem.

Egeu reconheceu seu filho ao ver a espada e as sandálias e anunciou a todos que Teseu era seu filho e herdeiro.

Teseu em Atenas

Quando Teseu chegou em Atenas já era conhecido pelos seus feitos, mas o rei Egeu não sabia que ele era seu filho. Medéia já estava instalada no palácio real depois de fugir de Corinto após o assassinato de 4 pessoas, inclusive seus dois filhos. Medéia sabia da identidade do herói, mas não contou a Egeu e sim convenceu-o a matar o forasteiro que poderia ser uma ameaça ao seu reinado. Colocou veneno no vinho e ofereceu ao visitante ilustre. Teseu tirou a espada para seu conforto à mesa e Egeu o reconheceu, evitando assim a sua morte. Medéia mais uma vez foi expulsa de um reino, só que desta vez voltou para a Cólquida.

Variantes do mito contam que Medéia mandou seu enteado na missão de capturar um touro bravo que vivia perto de Atenas, na planície de Maratona. Este touro seria o de Creta, do 7º trabalho de Héracles. Depois de morto o touro, foi feito um sacrifício para Apolo e, quando Teseu sacou da espada foi reconhecido pelo pai. Na véspera da caçada uma senhora hospedou Teseu em sua humilde casa e prometeu um sacrifício para Zeus se ele voltasse vivo e vitorioso. Quando voltou para ver sua anfitriã que chamava-se Hécale, Teseu encontrou-a morta e instituiu um culto a Zeus Hecalésio para sua honra. Antes de virar rei nosso herói precisou enfrentar a sua própria fúria animal na forma de um touro. Este mesmo touro foi o responsável pelo encontro de Teseu com Ariadne, e veremos que pode ter sido o início de sua derrocada.

Ao tomar conhecimento que seus primos, os cinquenta Palântidas, queriam tirar o trono de seu pai, Teseu resolveu acabar com eles. Os primos se dividiram para fazer uma emboscada, mas não adiantou muito, pois Teseu foi avisado pelo arauto chamado Leos. Conta-se que depois da 'limpeza familiar' Teseu teve de se exilar por um ano em Trezena.

Teseu e o Minotauro de Creta

Para combater o touro de Creta, foi enviado anteriormente por Egeu, o jovem Androgeu que era filho de Minos e sua esposa Pasífae, reis de Creta. Dizem que o motivo foi a inveja pelo desempenho do jovem nos jogos de Atenas. Como o jovem pereceu tentando matar o touro, seu pai Minos resolveu fazer uma guerra contra Atenas, da qual saiu vencedor. Uma variante do mito dá a morte de Androgeu por motivos políticos, pois este teria se unido aos Palântidas que eram inimigos de Egeu. Minos rumou para Mégara com sua poderosa esquadra e logo partiu para cercar Atenas. Durante a guerra uma peste enviada por Zeus contra os atenienses provocou a derrota de Egeu, o que levou o rei Minos a cobrar uma taxa a cada nove anos. A taxa foi em forma de 7 rapazes e 7 moças atenienses enviados para Creta, onde seriam colocados no labirinto para serem devorados pelo seu filho monstruoso, o Minotauro. Na terceira remessa de jovens, Teseu estava presente e resolveu intervir no problema. Entrou no lugar de um jovem e partiu para Creta para entrar no Labirinto. Na partida usou velas pretas para navegar e seu pai entregou-lhe um jogo de velas brancas, para usar caso saísse vitorioso na missão.

Com efeito, a linda Ariadne, filha do poderoso Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele um meio de encontrar a saída do terrível labirinto. Um meio bastante simples: apenas um novelo de lã.

Ariadne ficaria à entrada do palácio, segurando o novelo que Teseu iria desenrolando a medida que fosse avançando pelo labirinto. Para voltar ao ponto de partida, teria, apenas, que ir seguindo o fio que Ariadne seguraria firmemente. Teseu avançou e matou o monstro com um só golpe na cabeça.

A volta e a queda de Teseu

No caminho de volta pára na ilha de Naxos e de lá zarpa deixando Ariadne dormindo. Esta é a versão mais conhecida e numa outra é Dionísio que pede para Teseu deixar a jovem lá. Como presente de núpcias para Ariadne, Dioniso lhe deu um diadema de ouro cinzelado feito por Hefesto. Este diadema foi mais tarde transformado em constelação. Dioniso e Ariadne tiveram quatro filhos: Toas, Estáfilo, Enópion e Pepareto. Em outra variante, Teseu abandona Ariadne porque amava Egle filha de Panopleu. Em uma quarta variante leva Ariadne para a praia da ilha para amenizar seu enjôo. Um vento muito forte deixa o navio a deriva e quando ele consegue voltar encontra a princesa morta.

A próxima escala foi na ilha de Delos, onde consagrou uma estátua de Afrodite, presente de Ariadne. Depois ele e seus companheiros realizaram uma dança circular que se tornou um rito na ilha de Apolo e foi executado por muito tempo.

Ao se aproximar de Atenas, Teseu esqueceu de trocar as velas negras pelas velas brancas e seu pai quando avistou o navio achou que ele havia morrido na empreitada, atirando-se do penhasco e precipitando-se no mar, que então passou a levar o seu nome.

Subindo ao trono, Teseu organizou um governo em bases democráticas, reunindo os habitantes da Ática, fazendo leis sábias e úteis para o povo. Vendo que tudo corria bem e os atenienses estavam felizes, Teseu mais uma vez se ausentou em busca das aventuras que tanto apreciava.

Teseu liderou uma luta contra as Amazonas e suas origens são contadas com alguma diferença. Numa das versões lutou junto com Héracles e recebeu como prêmio a Amazona Antíope e teve com ela um filho chamando Hipólito. Em outra versão Teseu foi sozinho a terra das Amazonas e raptou Antíope. Então as Amazonas invadiram a Ática para vingar o rapto. Numa terceira variante, as Amazonas invadiram Atenas, pois Teseu tinha abandonado Antíope para se casar com a irmã de Ariadne, Fedra. De qualquer maneira para comemorar a vitória sobre as Amazonas os atenienses instituíram as festas chamadas Boedrômias.

Em uma de suas aventuras com Pirítoo resolveu raptar Helena ainda uma criança e logo em seguida ir ao Hades raptar Perséfone. Este fato foi estimulado porque as duas eram de descendência divina. Resolveram que Helena seria esposa de Teseu e Perséfone de Pirítoo. Os heróis foram a Esparta e raptaram Helena de dentro de templo de Ártemis, mas não contavam que os irmãos da jovem, Castor e Pólux, fossem atrás da irmã. Teseu levou Helena para Afidna para ficar sob os cuidados de sua mãe Etra e foram ao Hades raptar Perséfone. Durante esta aventura Castor e Pólux conseguiram resgatar a sua irmã. Este resgate foi facilitado por Academo que revelou o esconderijo da princesa. No Hades foram convidados pelo seu rei para sentarem e comerem, com isso ficaram presos nos assentos infernais. Quando Héracles foi ao inferno libertá-los, somente lhe foi permitido levar Teseu, ficando Pirítoo preso na 'cadeira do esquecimento'.

Quando Teseu retornou para Atenas encontrou a cidade transtornada e transformada. Cansado de tanta luta e do trabalho administrativo enviou seus filhos para Eubéia, onde reinava Elefenor (enganar com promessas) e resolveu morar na ilha do Ciros. Licomedes (o que age como lobo), o rei da ilha de Ciros sentindo-se ameaçado, resolveu matar o herói, jogando-o de um penhasco. Mesmo depois de sua morte, o eidolon (alma sem o corpo) de Teseu ajudou os atenienses durante a batalha de Maratona, em 480 a.C., afugentando os persas.

Depois de sua morte, porém, os atenienses, arrependidos, foram a Ciros buscar suas cinzas e ergueram-lhe um templo magnífico.

Esta fábula, que tem sido objeto de investigações dos historiadores, parece indicar que Atenas, durante muito tempo, esteve dominada pelos reis de Creta, que lhe exigiam pesados tributos. O episódio de Teseu e do Minotauro deve indicar uma revolução que libertou os atenienses.

Escavações realizadas na ilha de Creta, no início do século, revelaram a existência de um grande palácio provido de imensos corredores que lembravam um labirinto. Por outro lado, afirmam os especialistas que existem elementos que permitem dizer que os reis de Creta usavam, em certas festas e cerimônias religiosas, máscaras representando cabeças de touros.

Perseu

Perseu com a cabeça da Medusa, Antonio Canova.

Perseu foi o herói mítico grego que decapitou a Medusa, monstro que transformava em pedra qualquer um que olhasse em seus olhos. Perseu era filho de Zeus, que sob a forma de uma chuva de ouro, introduziu-se na torre de bronze e engravidou Danae (Dânae), a filha mortal do rei de Argos.

Perseu e sua mãe foram banidos pelo avô, Acrísio, que temia a profecia de que seria assassinado pelo neto, atirando-os numa urna para que levasse os dois para bem longe.

Protegida por Zeus, a embarcação chegou a ilha de Serifo, onde foi encontrada pelo pescador Díctis, irmão do rei de Serifo. Perseu e sua mãe viveram na casa de Díctis e sua esposa por anos, até que um dia, o rei, Polidectes, quando passava pela casa de seu irmão, resolveu visitá-lo. Ao ver Dânae, apaixonou-se e quis se casar com ela.

Perseu se tornou um grande homem, forte, ambicioso, corajoso, aventureiro e protetor da mãe. Polidectes, com medo de que a ambição de Perseu o levasse a lhe usurpar o trono, propôs um torneio no qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa. O instinto aventureiro de Perseu não o deixou recusar.

Perseu, conhecendo sua mãe, disse que iria participar do torneio, mas não disse que iria enfrentar a Medusa, com receio de que ela o impedisse. Da batalha contra Medusa saiu vitorioso graças à ajuda de Atena, Hades e Hermes. Atena deu a ele um escudo tão bem polido, que tal qual num espelho, podia se ver o reflexo ao olhar para ele. Hades lhe deu um capacete que torna invisível quem o usa, e Hermes deu a ele suas sandálias aladas, três objetos que foram definitivos para a vitória de Perseu.

Perseu e Andrômeda.

Então Perseu, guiado pelo reflexo no escudo, sem olhar diretamente para a Medusa, derrotou-a cortando sua cabeça, que ofereceu à deusa Atena. Diz a lenda que, quando Medusa foi morta, o cavalo alado Pégaso e o gigante Crisaor surgiram de seu ventre.

Na volta para casa, matou um terrível monstro marinho e libertou a linda Andrômeda, com quem se casou. Conforme a profecia, Perseu acabou assassinando o avô durante uma competição esportiva, em que participava da prova de arremesso de discos. Fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente seu avô sem saber que ele estava ali. Assim, cumpriu-se a profecia que Acrísio mais temia. Apesar disso Perseu se recusou a governar Argos (trocando de reinos com Megapente filho de Preto) e governou Tirinto e Micenas (cidade que fundou), estabelecendo uma família cujos descendentes incluíam Hércules.

Paris

Na mitologia grega, Páris era um dos mais novos filhos do rei Príamo de Tróia. Ele ainda estava saindo da adolescência quando foi escolhido pelas deusas Hera, Atena e Afrodite para eleger qual delas seria a mais bela. Cada deusa, buscando suborná-lo para ser eleita, prometeu-lhe riquezas e vitórias, mas somente Afrodite lhe garantiu que se casaria com a mulher mais bela do mundo se ele a escolhesse: a princesa Helena de Esparta. Então, Páris não hesitou e elegeu Afrodite como a mais bela das três despertando a ira de Atena e de Hera que enviaram seus exércitos gregos para destruí-lo e a Tróia.

Páris, com ajuda do deus Apolo, derrotou Aquiles que foi o mais forte e potente guerreiro grego daquela guerra, atingindo-lhe uma flecha no calcanhar, único ponto em que poderia matá-lo (vingando-se, assim, da morte de Heitor). Conhecido por ser um príncipe que valorizava e apreciava as mulheres, Páris acreditava que os únicos prazeres a que deveria dar algum valor eram os da carne. Entretanto, somente após uma visão atribuída a Apólo, Páris resolve batalhar de forma decisiva na guerra de Tróia. Com Helena, teve quatro filhos: Agano, Bunico, Ideu e Helena.

Orestes

O Remorso de Orestes, de William-Adolphe Bouguereau

Na mitologia grega, Orestes era filho do rei Agamemnon de Micenas e da rainha Clitemnestra, e irmão mais novo de Ifigênia.

Clitemnestra e seu amante, Egisto, mataram Agamemnon quando este voltava da guerra de Tróia. Único que poderia vingar o crime, Orestes foi à Fócida, porque suspeitava que o amante de sua mãe pretendia matá-lo também. Ali cresceu em segurança na corte de Estrófio e ficou amigo do filho deste,seu primo, Pílades. Ao tornar-se adulto, em obediência às ordens de Apolo, Orestes matou a mãe e Egisto. Perseguido pelas Erínias, refugiou-se no santuário de Apolo em Delfos. Julgado por seu crime em Atenas, o voto da deusa Atena desempatou o resultado a seu favor.

Novamente por ordem de Apolo, Orestes partiu para a Táurida a fim de roubar a estátua de Artemis e devolvê-la à cidade de Atenas. Preso com Pílades, foi condenado a ser sacrificado à deusa, mas sua irmã Ifigênia, sacerdotisa de Artemis, reconheceu-o e fugiu com ele e com Pílades, levando a estátua da deusa. Salvo, herdou o reino de Agamemnon, a que anexou Esparta e Épiro, depois do casamento com Hermíone, filha de Menelau e de Helena. Morreu aos noventa anos picado por uma serpente.

Odisseu

Odisseu e sua fiel esposa Penélope.

Odisseu (em grego: Ὀδυσσεύς, transl. Odysseýs) ou Ulisses (em latim: Ulysses ou Ulixes) foi, nas mitologias grega e romana um personagem da Ilíada e da Odisséia, de Homero. É a personagem principal dessa última obra, e uma figura à parte na narrativa da Guerra de Tróia. É um dos mais ardilosos guerreiros de toda a epopéia grega, mesmo depois da guerra, quando do seu longo retorno ao seu reino, Ítaca, uma das numerosas ilhas gregas.

Herói grego, Odisseu era rei de Ítaca e filho de Laerte e Anticleia. A princípio, cortejou Helena, mas, em vista do grande número de pretendentes, acabou por auxiliar Tíndaro, pai adoptivo de Helena, na escolha do pretendente. Essa escolha recaiu sobre Menelau, tendo o itacense então casado com Penélope. Daí a amizade existente entre Menelau, seu irmão Agamemnon e Odisseu.

Da união com Penélope nasceu Telêmaco, seu querido filho, do qual teve de se apartar muito cedo para lutar ao lado de outros nobres gregos em Tróia. Foi um dos elementos mais atuantes no cerco de Tróia, no qual se destacou principalmente por sua prudência e astúcia.

Durante a citada guerra, muitas batalhas os gregos venceram a conselho de Odisseu, sendo este mesmo um grande guerreiro, apesar de sua baixa estatura (algumas lendas diziam mesmo que era anão). Tentou em vão convencer Aquiles a cessar sua ira contra Agamemnon, ao lado de Ájax, filho de Telamon e de Fênix, todavia, sem obter sucesso.

Um de seus mais famosos ardis foi ajudar na construção de um cavalo de madeira, que permitiu a entrada dos exércitos gregos na cidade. Aliás, a estratégia foi sua.

O naufrágio de Odisseu

Após a derrota dos troianos, ele iniciou uma viagem de dez anos de volta para Ítaca onde a sua mulher o espera com uma fidelidade obstinada, apesar da demora. Essa viagem mereceu a criação por Homero do poema épico Odisséia, na qual são narradas as aventuras e desventuras de Odisseu e sua tripulação desde que deixam Tróia, algumas causadas por eles e outras graças à intervenção dos deuses.

Quando cegaram o ciclope Polifemo, despertaram a ira de Posídon, que os atormentou por anos. Depois, ainda tentado voltar para Ítaca, acabou indo para a ilha de Calipso, uma mulher que o aprisionou em sua ilha durante anos e não o soltaria de lá até que ela se casasse com ele. Porém, ele não aceitou, e ficou vários anos na ilha, até que conseguiu fugir.

Com a ajuda de Zeus e de outros deuses, Odisseu chegou a casa sozinho para encontrar sua esposa Penélope, importunada por pretendentes. Disfarçado como mendigo, primeiro verificou se Penélope lhe era fiel e, em seguida, matou os pretendentes à sua sucessão que a perseguiam, limpando o palácio. Com isso, iniciou-se uma batalha final contra as famílias dos homens mortos, mas a paz foi restaurada por Atena.

Menelau

Menelau, rei lendário da Lacedemónia (Esparta), é filho de Atreu e irmão mais novo de Agamémnon. O "rapto" da sua mulher (Helena) por Páris, deu origem à Guerra de Tróia.

Depois da queda de Tróia, recuperou sua esposa (que antes não valorizava) e vagueou durante oito anos pelas costas do mar Mediterrâneo até regressar para casa.

Conta Homero que Menelau não era dos melhores guerreiros, mas era muito nobre e possuía grandes riquezas. Menelau e Helena tiveram uma filha chamada Hermíone.

Jasão

Jasão entrega o tosão de ouro à Pélias.

Jasão foi um herói grego da Tessália, filho de Esão, rei do Iolco, e criado pelo centauro Quíron. Existem duas versões sobre sua mãe: ela pode ter sido Alcimede, uma neta de Mínias, ou Polimede, filha de Autólico.

Foi desalojado do trono paterno por seu tio Telias ou Pélias. Temendo a profecia de que seria morto por Jasão, o rei Pélias envia o herói, como condição para lhe restituir o trono, para uma missão impossível: trazer o Tosão de ouro da distante Cólquida. Em Argos, Jasão constrói a nau Argo e reúne uma tripulação de heróis, conhecida como os argonautas, para acompanhá-lo.

Após várias aventuras, inclusive a primeira passagem pelas Simplégadas (o Bósforo), os argonautas chegam à Cólquida, pensando estar em alguma parte no fim do mar Negro. O rei Eetes da Cólquida exige que Jasão cumpra várias tarefas para obter o Tosão, inclusive arar um campo com touros que cospem fogo, semear os dentes de um dragão, lutar com o exército que brota dos dentes semeados e, por fim, passar pelo dragão que guarda o próprio Tosão. Com o Tosão nas mãos, Jasão foge com Medeia, filha de Eetes, e enfrenta várias aventuras na volta para casa. Medeia trama a morte do rei Pélias, cumprindo a antiga profecia.

Depois, retirou-se para Corinto e repudiou Medeia para desposar Creúsa, filha de Creonte. Medeia, por vingança, matou Creúsa e os próprios filhos que tivera de Jasão. Muitos anos depois, Jasão é morto por um pedaço de madeira da nau Argo.

Aliados de Jasão

Deuses Presentes

Monstros

Héracles

Estátua de Héracles (Hércules), no Museus Capitolinos em Roma.

Héracles (em grego: Ἡρακλῆς, transl. Heraklēs, um composto formado por Ἥρα, "Hera", e κλέος, "glória")[1], na mitologia grega, era um semi-deus, filho de Zeus e Alcmena. Reunindo grande força e sagacidade, Héracles foi, na mitologia greco-romana, o mais célebre de todos os heróis, um símbolo do homem em luta contra as forças da Natureza, exemplo de masculinidade, ancestral de diversos clãs reais (os Heráclidas) e paladino da ordem olímpica contra os monstros ctônicos. [2] [3] [4] [5] [6]

Na mitologia romana e na maior parte do Ocidente moderno o herói se tornou célebre pelo seu nome latino, Hércules.

Nascimento e infância

Para seduzir Alcmena, conhecida por sua formidável beleza, Zeus tomou a forma do seu marido, Anfitrião, rei de Tebas (que estava na Guerra dos Sete Chefes), e uniu-se a ela durante toda uma noite, tendo antes ordenado a Hermes que triplicasse sua duração normal.

Alcmena deu à luz, num único parto, a dois filhos: Héracles, filho de Zeus, e Íficles, filho de Anfitrião.

Ao nascer, Zeus, que pretendia torná-lo imortal, pediu a Hermes que levasse Héracles para junto do seio de Hera, quando esta dormia, e o fizesse mamar. A criança sugou com tal violência que, mesmo após Héracles ter terminado, o leite da deusa continuou a correr e as gotas caídas formaram no céu a Via-Láctea e na Terra, a flor-de-lis.

O nome dado originalmente a Héracles foi Alcides, em homenagem a seu avô Alceu, pai de Anfitrião. O nome alternativo de Héracles foi uma tentativa sem sucesso de apaziguar o ódio de Hera, louca de ciúmes pelas infidelidades do marido. Héracles teve que defender-se de suas perseguições desde a tenra infância. Com apenas oito meses de vida, por exemplo, estrangulou com as mãos duas serpentes que a deusa mandara ao seu berço para que o matassem.

Façanhas

Ao crescer, Héracles cada vez mais sobressaiu-se pela enorme força e coragem. Sua primeira façanha heróica deu-se quando se dirigiu à Beócia, região próxima de Tebas, onde perseguiu e matou apenas com as mãos um enorme leão que devorava os rebanhos de Anfitrião e de Téspio, na região de Citéron. A caçada durou cinquenta dias consecutivos, durante os quais Héracles foi hóspede de Téspio, que aproveitou para fazer com que toda noite uma das suas cinquenta filhas se unisse ao herói, de maneira a criar uma aguerrida descendência. Muitos dos netos de Téspio, conhecidos como Tespíadas, foram conduzidos por Hércules até a Sardenha, onde se estabeleceram como colonos.

Ao regressar a Tebas após esta caçada, Héracles encontrou os enviados do rei Ergino, de Orcómeno, que vinham recolher um tributo que os tebanos lhe pagavam regularmente. Após derrotá-los e e insultá-los, Héracles obrigou os Mínios de Orcómeno a pagar um tributo duas vezes maior que o que haviam imposto a Tebas. Neste combate, morreu Anfitrião, que lutou corajosamente ao lado do filho.

Os trabalhos de Héracles

Por ter livrado a cidade de Tebas do tributo aos Mínios, o rei Creonte, filho de Meneceu, ofereceu a Héracles sua filha mais velha, a bela Mégara, que lhe deu vários filhos. Anos depois, num acesso de loucura provocado por Hera, Héracles matou os filhos tidos com Mégara. Após recuperar a sanidade, Héracles foi consultar o Oráculo de Delfos sobre o meio de se redimir desse crime e poder continuar com uma vida normal. O oráculo ordenou-lhe que servisse, durante doze anos, a seu primo Euristeu, rei de Micenas e de Tirinto. Pondo-se Héracles ao seu serviço, o rei, simpatizante de Hera, impôs-lhe, com a oculta intenção de o eliminar, doze perigosíssimos trabalhos, dos quais o herói saiu vitorioso:

1.º) Matou o Leão da Neméia, filho dos monstros Ortro e Equidna. Acabada a luta, arrancou a pele do animal com as suas próprias garras e passou a utilizá-la como vestuário. A criatura converteu-se na constelação de leão.

Hércules e Jolau. Século I d.C., mosaico no Nymphaeum de Anzio, Roma

2.º) Matou a Hidra de Lerna, serpente com corpo de dragão, filha de Tifão e de Equidna. A Hidra tinha nove cabeças que se regeneravam mal eram cortadas e exalavam um vapor que matava quem estivesse por perto. Héracles matou-a cortando suas cabeças enquanto seu sobrinho Iolau queimava as feridas com um tição em brasa. Por fim, o herói banhou suas flechas com o sangue da serpente para que ficassem envenenadas.

3.º) Alcançou correndo a corça de Cerinéia, com chifres de ouro e pés de bronze, consagrada à deusa Ártemis. A corça corria com assombrosa rapidez e nunca se cansava.

4.º) Capturou vivo o javali de Erimanto, que devastava os arredores, ao fatigá-lo após persegui-lo durante horas. Euristeu, ao ver o animal no ombro do herói, teve tamanho medo que foi se esconder dentro de um caldeirão de bronze. As presas do animal foram mostradas no templo de Apolo em Cumas.

5.º) Limpou em um dia os currais do rei Aúgias, que continham três mil bois e que há trinta anos não eram limpos. Estavam tão fedorentos que exalavam um gás mortal. Para isso, Héracles desviou dois rios.

6.º) Matou as aves do lago Estínfalo, monstros cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios do sol. Héracles enxotou as aves com um par de castanholas feitas por Hefesto e dadas a ele por Atena.

7.º) Venceu o touro de Creta, mandado por Posídon contra Minos.

8.º) Castigou Diómedes, filho de Ares, possuidor de cavalos que vomitavam fumo e fogo, e a que ele dava a comer os estrangeiros que naufragavam durante as tempestades e davam à sua costa. O herói entregou-o à voracidade de seus próprios animais.

9.º) Venceu as amazonas, tirou-lhes a rainha Hipólita, apossando-se do seu cinturão mágico.

10.º) Matou o gigante Gerião, monstro de três corpos, seis braços e seis asas, e tomou-lhe os bois que se achavam guardados por um cão de duas cabeças e um dragão de sete.

11.º) Colheu as maçãs de ouro do Jardim das Hespérides, este trabalho foi o mais difícil de todos, pois para encontrar o jardim, Héracles percorreu quase todo o mundo. Após ter encontrado o jardim ainda tinha de matar o dragão de cem cabeças que o guardava. Pediu a Atlas que o matasse e durante o trabalho foi Héracles que sustentou o céu nos ombros.

12.º) Desceu ao palácio de Hades e de lá trouxe vivo Cérbero - o mastim de três cabeças, guardião do submundo.

Outras façanhas

Após esses trabalhos, Héracles entregou-se a muitos outros, por sua livre vontade, na defesa dos oprimidos:

  • Matou, no Egito, o tirano Busíris que sacrificava todos os estrangeiros que aportavam ao seu Estado.
  • Tendo encontrado Prometeu acorrentado por Zeus no cume do Cáucaso, entregue a um abutre que devorava o seu fígado, libertou-o.
  • Estrangulou o gigante Anteu que, em luta, recuperava a força sempre que conseguia tocar, com os pés, o solo.
  • Entre as façanhas de Héracles , conta-se ainda separar os montes Calpe (da Espanha) e Ábilia (da África), abrindo assim o estreito de Gibraltar.
Hércules e Nesso, de Giambologna. Loggia dei Lanzi, Florença
  • Disputou com Aquelos a posse de Dejanira, filha de Eneu, rei da Etólia. Como a princesa a Héracles preferia, Aquelos, furioso, tranformou-se em serpente, e investiu contra ele; repelido, tranformou-se em touro, e de novo arremeteu; mas o herói enfrentou-o, pela segunda vez, quebrando-lhe os chifres, e desposou Dejanira. Em seguida, tendo de atravessar o rio Eveno, pediu ao Centauro Nesso que conduzisse Dejanira ao ombro, enquanto ele faria a travessia a nado. No meio do caminho, tendo Nesso se recordado de uma injúria que outrora Hércules lhe dirigira, resolveu, por vingança, raptar-lhe a esposa, passando com esse intuito, a galopar rio acima. O herói, tendo percebido as suas intenções, aguardou que ele alcançasse terra firme, e então atravessou-lhe o coração com uma das flechas envenenadas. Nesso tombou, e, ao expirar, deu a Dejanira a sua túnica manchada do sangue envenenado, convencendo-a de que seria, para ela, um precioso talismã, com a virtude de restituir-lhe o esposo, se este viesse em qualquer tempo, a abandoná-la.
  • Mais tarde, Héracles apaixonou-se pela sedutora Iole, e se dispunha a desposá-la, quando recebeu de Dejanira, como presente de núpcias, a túnica ensangüentada, e, ao vestí-la, o veneno infiltrou-se-lhe no corpo; louco de dores, ele quis arrancá-la, mas o tecido achava-se de tal forma aderido às suas carnes que estas lhe saíam aos pedaços. Vendo-se perdido, o herói ateou uma fogueira e lançou-se às chamas. Logo que as línguas de fogo começaram a serpentear no espaço, ouviu-se o rebumbar do trovão. Era Zeus que arrebatava seu filho para o Olimpo, onde ganhou a imortalidade e, na doce tranqüilidade, recebeu Hebe em casamento.

Heitor

Andrómaca chora a morte de Heitor

Heitor (em grego: Ἕκτωρ, transl. Hektōr) era, na mitologia grega, um príncipe de Tróia e um dos maiores guerreiros na Guerra de Tróia, suplantado apenas por Aquiles. Era filho de Príamo e de Hécuba. Com sua esposa, Andrómaca, foi pai de Astíanax.

Como o seu pai foi incapaz de combater, durante o cerco de Tróia feito pelos Aqueus, devido à sua avançada idade, Heitor foi nomeado general das tropas troianas. A sua força, coragem e eficiência na guerra foram enormes: nos poemas épicos de Homero, Heitor é responsável pela morte de 28 heróis gregos; nem Aquiles obtém um número tão grande (22 heróis Troianos caídos a seus pés). Pela voz do Destino, os Troianos estavam informados que as muralhas de Tróia nunca cairiam enquanto Heitor se mantivesse vivo.

Na Ilíada, Homero chama-o de "domador de cavalos", devido a preocupações de métrica e porque, de modo geral, Tróia era conhecida por ser criadora de cavalos. Na narrativa da Ilíada, no entanto, Heitor nunca é visto com cavalos. Outro epíteto que lhe é característico é "o do elmo flamejante".

Heitor contrasta fortemente com Aquiles. Se por um lado Aquiles foi essencialmente um homem de guerra, Heitor lutava por Tróia e por aquilo que esta representava. Alguns estudiosos têm vindo a sugerir que é Heitor, e não Aquiles, o verdadeiro herói da Ilíada. A sua repreensão a Polidamante, dizendo-lhe que lutar pela pátria era o primeiro e único presságio, tornou-se provérbica para os patriotas gregos. É por ele que podemos ver pormenores sobre como seria a vida em Tróia, em tempo de paz, e noutros sítios de civilização mediterrânica da Idade do Bronze descrita por Homero. Na Ilíada, a cena em que Heitor se despede da sua esposa Andrómaca e do seu filho é particularmente comovente.

Durante a Guerra de Tróia, Heitor matou Protesilau e foi ferido por Ájax. Nos quadros de guerra descritos na Ilíada, ele luta com muitos dos guerreiros Gregos e normalmente (mas nem sempre) consegue matá-los ou feri-los. Quando, sob a assistência de Apolo, ele mata Pátroclo por engano, acreditando ser Aquiles, desbarata todo o exército grego. É aí que se chega a um ponto de viragem no decorrer da guerra…

No entanto, o destino pessoal de Heitor, decretado por Zeus no início da história, nunca está em dúvida. Aquiles, irado pela morte do seu amante Pátroclo, desafia Heitor para um combate que é aceito de imediato pelo mesmo, matando-o no combate somente após uma violenta topada numa pedra que desorienta os sentidos de Heitor. Dessa forma, Aquiles arrasta seu cadáver em volta das muralhas de Tróia. Finalmente, por intervenção de Hermes, Príamo convence Aquiles a permitir que o seu corpo seja recuperado de modo a prestarem-lhe cerimónias fúnebres. O último episódio da Ilíada é o funeral de Heitor, depois do qual a perdição de Tróia é uma questão de tempo.

No saque final à Tróia, como é descrito no Canto II da Eneida, o seu pai e muitos dos seus irmãos são mortos, o seu filho é atirado do cimo das muralhas, por medo que este vingue a morte do seu pai, e a sua esposa é transportada por Neoptólemo para viver como escrava.

Enéias

Aeneas foge de Tróia em chamas, Federico Barocci, 1598.

Enéias (português brasileiro) ou Eneias (português europeu) (AO 1990: Eneias) (do latim Æneas, do grego Αἰνείας) é um personagem da mitologia greco-romana, cuja história é contada na "Ilíada", de Homero, mas sobretudo na "Eneida", de Virgílio.

Segundo a lenda, Enéias foi um chefe troiano, filho de Anquises e da deusa Afrodite (a romana Vénus). Era casado com Creúsa, filha do rei Príamo. Tinha um filho, Iulo (na literatura romana Ascânio)

Enéias na tradição grega

Na Guerra de Tróia, Enéias se converteu no mais valoroso guerreiro troiano, depois de Heitor. Favorecido pelos deuses, em várias ocasiões foi por eles salvo, durante os combates. Quando foi ferido por Diomedes, foi sua mãe, Afrodite, quem o salvou. E quando enfrentou Aquiles no campo de batalha, foi Poseidon quem o livrou de ser morto pelo herói grego.

Com a queda de Tróia, sua mãe o aconselhou a deixar a cidade, levando sua família, pois lhe estaria reservado o destino de fazer reviver a glória troiana em outras terras.

Enéias na tradição latina

Sob a proteção de Afrodite, Enéias deixa Tróia (incendiada pelos gregos), levando sua esposa Creusa, o filho Ascânio, seu velho pai Anquises (que ele carrega às costas) e um punhado de soldados troianos. Leva ainda os Penates troianos, divindades que protegiam o Estado, os governos e as instituições que regem um e o outro para assim fundar uma nova cidade. Na estrada, sua esposa desaparece sem deixar vestígios e ele embarca em um navio, no qual vagueia pelo Mar Mediterrâneo, em busca de uma nova pátria.

O troiano pede então conselho a Apolo, que o manda ir para a terra de onde era originário o seu primeiro antepassado. Anquises, douto nessa matéria, afirmava que em dias muito remotos, antes do Rei Tros fundar a cidade de Tróia, vivia na Frígia um rei chamado Teucro, cuja filha, Bátia, se casara com Dardano, pai de Trós. Acreditavam que Teucro viera da ilha de Creta.

Puseram-se então a caminho. Ao terceiro dia aportaram em Creta, onde começaram imediatamente a construir uma cidade a que Eneias chamou Pérgamo. Lavraram a terra e semearam-na, e parecia que tudo ia correr bem, mas, inesperadamente, todo o seu trabalho foi destruído. Uma terrível seca arruinou as colheitas e desencadeou uma epidemia que se alastrou entre os troianos. Anquises interpretou isto como um sinal evidente da desaprovação divina, e aconselhou Eneias a voltar ao templo de Apolo, na Ilha de Delos, para receber novas instruções do oráculo. Na véspera da partida, os numes tutelares apareceram a Eneias e disseram-lhe que ele deveria ir para o local de origem de Dárdano, antes chamado Hespéria, agora Itália. Contando isto ao pai, Anquises lembrou-se que Cassandra profetizara que uma nova Tróia erguer-se-ía na Hespéria. Mas, claro, todos acharam que ela estava louca. Puseram-se de novo a caminho.

Os Troianos encontraram-se com a Harpias, mas, ao contrário dos Argonautas, fugiram delas. Chegaram a Épiro, terras onde se tinham estabelecido Heleno e Andrómaca. Heleno disse-lhe o que ia acontecer e o que ele deveria fazer.

A seguir estiveram na ilha do ciclope Polifemo, e salvaram um homem, Aqueménides, que fora deixado para trás pelos Argonautas. Anquises, já velho, morreu antes de deixarem a Sicília.

Depois de muito tempo aporta em Cartago e, por artimanhas de Vénus e Cupido, torna-se amante de Dido, rainha e fundadora da cidade africana. Primeiro tinha sido Hera quem queria isto, para Eneias ficar com Dido e não chegar a Itália, mas Afrodite viu que o amor da rainha podia ser proveitoso para Eneias.

Porém não era ainda esse o seu destino final. Hermes, enviado por Zeus, pergunta-lhe por que estava ele construindo uma cidade que não seria do seu filho, para a sua descendência. Eneias fugira de Tróia para não se submeter aos gregos e estava agora a submeter-se a Dido e seus conterrâneos!

Adverte-o, então, para que deixe Cartago e funde uma cidade e um reino para os seus. Ao deixar a cidade, mesmo a contragosto, vê Dido, extremamente apaixonada, suicidar-se numa pira funerária que tinha mandado fazer na sua fortaleza.

Origens de Roma

Após esse episódio, Eneias aportou na Itália. Em Cumas, foi ao Submundo, onde se encontrou com o pai, que lhe falou das gerações futuras. Também viu Dido, mas esta se recusou a falar com ele.

Depois foi para o Lácio. Latino, rei do Lácio e neto de Saturno, ofereceu-lhe terras e a mão de sua bela filha Lavínia, há muito prometida a Turno, rei dos rútulos, em casamento. Tal facto deveu-se a uma profecia que dizia que Lavínia devia casar-se com um estrangeiro, para assim dar origem a uma raça poderosíssima que governaria o mundo. Lavínia e Eneias se apaixonaram, mas a rainha Amata, mãe de Lavínia, queria que a filha casasse com Turno.

Turno, vendo que perderia o reino do Lácio e Lavínia, declarou guerra a Eneias e seus troianos recém-chegados ao Lácio. Outras nações se juntaram aos contendores, de um lado e de outro. A guerra foi tão acesa que Latino, com medo que seu país se arruinasse e fosse destruído, sugeriu um combate singular entre Eneias e Turno, sendo Lavínia o prémio. Ambos aceitaram, e Eneias venceu a Turno. Podendo escolher entre matar ou poupar o adversário, mais jovem, Eneias decidiu, após longa hesitação, matá-lo. Pois, na hesitação, viu no ombro do adversário despojos do seu tão dileto Palante. Imolou Turno em nome do amigo. Amata, mãe de Lavínia, preferiu suicidar-se a ver Eneias no trono.

Diz-se que Eneias abdicou do trono a favor do filho e voltou para a pátria, para reconstruir Tróia. Após a morte de Eneias, seu filho Iulo, ou Ascânio (conforme a versão), fundou Alba Longa, da qual seus descendentes serão reis sucessivos. Em 753 a.C. é fundada Roma, a segunda Tróia, pelos gêmeos Rómulo e Remo, descendentes maternos de Eneias, mas filhos diretos do deus Marte.

Esta versão da fundação da Cidade Eterna, ou melhor, da ascendência de Rómulo remontar a Eneias, é tida por pesquisadores modernos como mera recordação de contactos entre o mundo egeu e a Itália. Tal versão foi tomando forma a partir do século III a.C.. Apareceu em Q. Fábio Pictor (200 a.C.) a primeira versão, sendo a definitiva dada por Virgílio na sua obra Eneida, Ovídio e Tito Lívio.

Édipo

Édipo e a Esfinge (pintura de Gustave Moreau)

Édipo (em grego antigo Οἰδίπους, transl. Oidípous) é um personagem da mitologia grega. Famoso por matar o pai e casar-se com a própria mãe. Filho de Laio e de Jocasta, pai de Etéocles, Ismênia, Antígona e de Polinice.

Segundo a lenda grega, Laio, o rei de Tebas havia sido alertado pelo Oráculo de Delfos que uma maldição iria se concretizar: seu próprio filho o mataria e que este filho se casaria com a própria mãe.

Por tal motivo, ao nascer Édipo, Laio abandonou-o no monte Citerão pregando um prego em cada pé para tentar matá-lo. O menino foi recolhido mais tarde por um pastor e batizado como "Edipodos", o de "pés-furados", que foi adotado depois pelo rei de Corinto e voltou a Delfos.

Édipo consulta o Oráculo que lhe dá a mesma previsão dada a Laio, que mataria seu pai e desposaria sua mãe. Achando se tratar de seus pais adotivos, foge de Corinto.

No caminho, Édipo encontrou um homem e, sem saber que era o seu pai, brigou com ele e o matou, pois Laio o mandou sair de sua frente.

Após derrotar a Esfinge que aterrorizava Tebas, que lançara um desafio ("Qual é o animal que tem quatro patas de manhã, duas ao meio-dia e três à noite?"), Édipo conseguiu desvendar, dizendo que era o homem. "O amanhecer é a criança engatinhando, entardecer é a fase adulta, que usamos ambas as pernas, e o anoitecer é a velhice quando se usa a bengala".

Conseguindo derrotar o monstro, ele seguiu à sua cidade natural e casou-se, "por acaso", (já que ele pensava que aqueles que o haviam criado eram seus pais biológicos) com sua mãe, com quem teve quatro filhos. Quando da consulta do oráculo, por ocasião de uma peste, Jocasta e Édipo descobrem que são mãe e filho, ela comete suicídio e ele fura os próprios olhos por ter estado cego e não ter reconhecido a própria mãe. Após sair do palácio, Édipo é avisado pelo Corifeu que não é mais rei de Tebas; Creonte ocupara o trono, desde então. Édipo pede para ser exilado, mandado embora. Pede, ainda, para que Creonte cuide das suas duas filhas como se fossem suas próprias.

A história está recolhida em Édipo Rei e Édipo em Colono de Sófocles. Vários escritores retomaram o tema, que também inspirou Igor Stravinsky para a composição de um oratório, o tema também foi abordado na música "The End", da banda estadunidense The Doors.

Argonautas

A rota da aventura dos argonaustas.

Na mitologia grega, Argonautas eram tripulantes da nau Argo que, segundo a lenda grega, foi até à Cólquida (actual Geórgia) em busca do Velo de Ouro.

A saga dos argonautas descreve a perigosa expedição rumo à Cólquida em busca do Velocino de Ouro. Conta o mito que Éson havia sido destronado por Pélias, seu meio irmão. Seu filho Jasão, exilado na Tessália aos cuidados do centauro Quíron, retornou ao atingir a maioridade para reclamar ao trono que por direito lhe pertencia. Pélias então, que tencionava livrar-se do intruso, resolveu enviá-lo em busca do Velo de Ouro, tarefa deveras arriscada. Um arauto foi enviado por toda a Grécia a fim de agregar heróis que estivessem dispostos a participar da difícil empreitada. Dessa forma, aproximadamente cinqüenta jovens se apresentaram, todos eles heróis de grande renome e valor. Cada um deles desempenhou na expedição uma função específica, de acordo com suas habilidades.

A Orfeu , por exemplo, que tinha o dom da música, coube a tarefa de cadenciar o trabalho dos remadores e de, principalmente, sobrepujar com sua voz, o canto das sereias que seduziam os navegantes. Argos construiu o navio e por isso, em sua homenagem, a embarcação recebeu seu nome. Tífis, discípulo de Atena na arte da navegação foi designado piloto. Morto na Bitínia, foi substituído por Ergino, filho de Posídon. Castor e Pólux, gêmeos filhos de Zeus e Leda, atraíram a proteção do pai durante a tempestade que a nave foi obrigada a enfrentar. Destacavam-se ainda entre os heróis: Admeto, filho do rei Feres; Ídmon e Anfiarau, célebres adivinhos ; Teseu , considerado o maior herói grego; Hércules que não completou a expedição; Etálides, filho de Hermes que atuou como arauto; os irmãos Idas e Linceu e, é claro, Jasão, chefe e comandante da expedição.

Principais Argonautas

Os argonautas.

Ao todo eram cinqüenta argonautas. Os que ficaram conhecidos na literatura eram:

Lemnos, Samotrácia e os doliones

Em sua primeira escala, aportaram na ilha de Lemnos, habitada somente por mulheres. É que Afrodite, insultada por estas que lhe negavam culto, castigou-as com um cheiro insuportável de forma que seus maridos partiam em busca das escravas da Trácia. Movidas pelo ódio e pelo despeito, assassinaram seus esposos instalando na ilha uma espécie de república feminina, situação que perdurou até a chegada dos argonautas, que então lhes deram filhos. Na ilha de Samotrácia, segunda escala do grupo se iniciaram nos Mistérios dos Cabiros com o intuito de obter proteção contra naufrágios. A seguir, penetrando no Helesponto, mar onde caiu e morreu a jovem Heles, ancoraram na península da Propôntida, no país dos doliones, povo governado pelo rei Cízico. Foram ali recebidos com festas e honrarias e já se fazia noite quando os argonautas partiram para Mísia. Porém, foram obrigados a retornar devido a uma grande tempestade que se abateu sobre eles. Os doliones não reconheceram os argonautas por causa da escuridão da noite e, pensando tratar-se de invasores, atacaram. Instalou-se uma sangrenta batalha que se estendeu por toda a noite. Com o amanhecer, os vitoriosos tripulantes de Argo verificaram o triste engano. Jazia entre os mortos, o rei Cízico, que foi enterrado por Jasão e seus companheiros com homenagens e magníficos funerais.

Mísia

Foi na Mísia que Héracles interrompeu sua viagem. É que Hilas, seu amigo predileto, tendo sido encarregado de buscar água numa fonte, foi capturado pelas Ninfas que o arrastaram para as profundezas dos rios. Héracles voltava do bosque onde tinha ido buscar madeira para refazer seu remo partido quando tomou conhecimento de seu desaparecimento através de Polifemo, que tinha ouvido seus gritos de socorro. Saíram então os dois em busca do amigo varando a floresta durante a noite. Pela manhã, Argo partiu com menos três tripulantes a bordo, pois os dois também não retornaram: Polifemo fundou posteriormente naquelas terras a cidade de Cio, onde se fez rei e Hércules seguiu seu rumo de aventuras.

Âmico, rei dos bébricios

Estranho hábito tinha o rei Âmico ao receber os visitantes que chegavam por suas terras. O rei dos bébricios, gigante filho de Posídon, os desafiava para a luta e em seguida os matava a socos. Lá chegando, os argonautas foram imediatamente provocados pelo rei que os instigava. Foi Pólux quem representou seus companheiros, aceitando o embate. Ao final da luta, venceu o gigante e como castigo fê-lo prometer que jamais importunaria novamente os estrangeiros que ali chegassem.

Trácia e Ciâneas

A expedição seguiu seu rumo e aportou na Trácia, onde reinava Fineu, o adivinho, que por suas crueldades tinha obtido a cegueira como castigo dos deuses. Vivia atormentado pelas Harpias, monstros alados que perseguiam-no e roubavam todo seu alimento e por isso ofereceu ajuda aos argonautas caso estes concordassem em livrá-lo de tão grande desgraça. Calais e Zetes, filhos alados do vento Norte, Bóreas, foram os responsáveis por tal façanha. Atraíram as Harpias com o odor delicioso de laudo banquete e depois, com suas espadas fatais cortando os ares, expulsaram dali definitivamente as perversas criaturas. Conforme o combinado, Fineu revelou aos argonautas a maneira de evitar o perigo das Rochas Flutuantes. As Ciâneas ou Rochedos Azuis, também chamadas de Sindrômades ou Simplégades, eram dois recifes que se fechavam violentamente, esmagando qualquer coisa que entre eles se interpusesse. Disse-lhes que antes de por ali se aventurar, enviassem uma pomba. Se esta lograsse atravessar os rochedos, este seria o sinal de sucesso também para os marinheiros. O pássaro conseguiu atravessar as Simplégades, muito embora, ao se fecharem, as Ciâneas cortaram as pontas de suas penas maiores. Igual sorte teve Argo, que conseguiu ultrapassar o obstáculo com apenas uma leve avaria na popa. Ao passarem pelas terras dos mariandinos, os argonautas sofreram ainda duas perdas: Tifis, o piloto e Ídmon, o adivinho, morto por um javali durante uma caçada.

Chegada à Cólquida

Chegaram enfim à Cólquida, reino de Eetes, onde cabia a Jasão a tarefa mais árdua: capturar o Velocino de Ouro. Medéia, filha do rei e conhecida por suas habilidades na arte da feitiçaria, apaixonou-se perdidamente pelo chefe da expedição e por isso, não mediu esforços para auxiliá-lo nas árduas tarefas que o rei impôs como condição para entregar-lhe o talismã.

Jasão tirou proveito dos feitiços e encantamentos da feiticeira e sem esforço partiu da Cólquida levando consigo o Velo de Ouro. Os argonautas ainda passaram por alguns percalços mas enfim chegaram a seu destino final onde entregaram a Pélias o Velocino. Jasão partiu para Corinto, onde consagrou a embarcação ao deus Posídon.